terça-feira, 22 de janeiro de 2008

mestres e doutores made in Paraguay

Relógios, bebidas, eletrônicos e todo tipo de trambolho de origem duvidosa circulam diariamente entre Cidade do Leste e Foz do Iguaçu. Tamanho trânsito fez do contrabando marca do Paraguai, tanto quanto a guarânia, tradicional música local. Por isso mesmo, paraguaio já virou adjetivo para falsificação. O editorial de hoje do ABC Color, o principal jornal do país, chama a atenção para outro tipo de comércio ilícito, que não passa pela Ponte da Amizade. Trata-se do contrabando de títulos de mestrado e doutorado emitidos por universidades paraguaias a estudantes brasileiros. Para se tornar mestre ou doutor no país vizinho, não é preciso freqüentar muito mais que meia-dúzia de aulas.

O jornal fala que "as universidades privadas foram se abrindo e se expandindo pelo país sem que o Estado assumisse sua função de vigiá-las". Nada muito diferente do que acontece por aqui, pesem algumas implicações: o Paraguai não possui um sistema de controle acadêmico como o Brasil, que tem o provão e afins. Além disso, boa parte da demanda por estes cursos vem do outro lado da fronteira. As universidades estão montando cursos exclusivos para brasileiros, alguns em português e fechados aos paraguaios, vendidos aqui por agências especializadas, que cobram cerca de R$ 10 mil pelo título, divididos em até 36 vezes.

O escândalo já foi noticiado pelo Estadão, em 2005, citando na época as empresas Educare, Universo e Instituto Internacional de Planejamento Educacional. Segundo o diário ABC Color, a publicidade das agências fala em duas mil horas-aula. Mas, "numa comparação com a quantidade de dias que duram os cursos, cada hora-aula duraria de cinco a dez minutos", diz o jornal. Os cursos são geralmente ministrados em semanas de janeiro e junho, na capital, Assunção.

Não há muito o que se esperar das autoridades do Paraguai, onde, infelizmente, a fronteira entre os interesses públicos e privados é de longe mais enevoada que aqui. A responsabilidade, ora, recai sobre o Ministério da Educação do Brasil. Como se não bastasse toda a sujeira envolta nos cursos superiores brasileiros, o poder público ainda tem de se preocupar com as universidades do país vizinho. Haja energia!

Um comentário:

  1. Esses cursos são uma porcaria. Tem um blog ironizando - http://queroumdoutorado.wordpress.com/

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