quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

a Itália e sua política mofada

O primeiro-ministro Romano Prodi, 68 anos, parece repetir a sina que ronda a Itália desde o fim da Segunda Guerra - a instabilidade política. Contam-se nos dedos de uma mão os políticos que conseguiram completar um mandato inteiro à frente do governo. O premiê de centro-esquerda perdeu o voto de confiança do Senado na útima sexta-feira, numa sessão estridente, que teve socos, berros e comemoração com champagne e mortadela por parte dos deputados da oposição de direita. Nada mais italiano... O presidente da República Italiana, Giorgio Napolitano, 82 anos, pediu ao presidente do Senado, Franco Marini, 73, que forme um governo provisório. Quem não gostou foi o lider da oposição conservadora, o magnata e vovô playboy Silvio Berlusconi, que aos 71 anos quer o poder de volta a qualquer custo.

Faz tempo que a Itália luta contra a decadência. Sua economia, que já foi tão grande quanto à do Reino Unido, está prestes a ser ultrapassada pela da Espanha, o país "subdesenvolvido" que entrou para a Comunidade Européia em 1986. Embora guarde o glamour de seu design e de sua moda, a Itália há tempos não produz cultura de vanguarda. Ainda é lembrada pelo cinema de Fellini e pela música de Pavarotti, que começaram sua trajetória nos tempos da "dolce vitta" dos anos 50. A Itália parece ter parado no tempo e isso pode se ver na média de idade de seus líderes políticos.

Enquanto os países europeus apresentaram ao mundo líderes joviais e pujantes como Tony Blair, na Inglaterra, Zapatero, na Espanha, e Sarkozy, na França, a Itália patina no mais do mesmo. Tanto que o presidente Napolitano, no alto de sua idade, quer mudar as regras do jogo político do país. O Parlamento e o Senado, somados, possuem mais de mil legisladores, a maioria velhinhos, já que muitos possuem mandato vitalício. Os privilégios são imensos: eles recebem o maior salário parlamentar da Europa, só para citar um.

A burocracia também é italianíssima. Se por aqui reclamamos dos 22 ministérios do presidente Lula, o que dizer dos 102 ministros do governo Prodi. Sim, 102 ministros!!! E os italianos são 59 milhões, quando nós somos 180 mi.

Em artigo publicado no The New York Times, em dezembro, o correspondente Ian Fisher diz que "mais velha e mais pobre, a Itália está em depressão". Numa nação onde a maioria dos jovens só saem de casa em torno dos 30, o jornalista ouviu um blogueiro, que sintetiza bem o sentimento italiano: "Em todo país os jovens têm esperança. Aqui na Itália não há mais esperança. Sua mãe mantém você bem em casa, e você fica lá e não luta. E se você não luta, é impossível tomar o poder de alguém", disse Mario Adinolfi, 36 anos. "Nós não temos um Google aqui. Não podemos imaginar na Itália alguém com 30 anos abrindo um negócio em uma garagem", emenda. Na Itália, conhecida por seus bons vinhos, a máxima etílica de "quanto mais velho, melhor" parece não funcionar.

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