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quinta-feira, 7 de maio de 2009

crise?: Gordon Brown gastou R$ 1,582 mi na recepção do G20 em Londres

A reunião do G20 em Londres, quando Obama chamou Lula de "o cara", custou 500 mil libras, ou R$ 1.582.804, aos contribuintes britânicos, segundo o jornal The Independent.

Tanto a rainha Elisabeth quanto o premiê Gordon Brown receberam os líderes mundiais com pompa e circunstância... justamente no encontro em que o mundo discutia como sair da crise. O jantar em Downing St. 10, a residência do primeiro-ministro, por exemplo, ficou a cargo de Jamie Oliver, o chef super star... a conta não deve ter saído barata.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

o retrato dos líderes do G20*

Assim estavam os líderes europeus, quando saíram de uma reunião da União Europeia, no último dia 22 de fevereiro, em Berlim.

Na foto de Wolfgang Kumm, da AP, no grupo do centro - à esquerda, a chanceler da Alemanha, Angela Merkel - o presidente da França, Nicolas Sarkozy - ao fundo, a ministra francesa da economia, Christine Lagarde - e o primeiro-ministro da Grã-Bretanha, Gordon Brown, à direita.

*os líderes estão reunidos em Londres, para tentar salvar o mundo! (porque até agora, tem sido um salve-se quem puder)

quarta-feira, 18 de março de 2009

a solução é (não) alugar... Madagascar

O novo líder de Madagascar, Andry Rajoelina, deu para trás no negócio feito com a Coreia do Sul pelo seu antecessor, Marc Ravalomanana, deposto esta semana por um golpe militar. No ano passado, em plena crise inflacionária dos alimentos (antes do debaclè atual), Ravalomanana alugou metade da ilha, pelo período de 99 anos, para a empresa sulcoreana Daewoo Logistics.

A Coreia do Sul dispõe de um território insuficiente para a produção de todo o montante de alimentos que consomem os seus 48 milhões de habitantes. Em troca do aluguel, de obras de infraestrutura como portos e linhas de transmissão de energia, a empresa de desenvolvimento do governo sulcoreano seria autorizada a cultivar e produzir alimentos em metade da ilha, que fica na costa índica da África. A negociata, aliás, foi um dos motivos da queda de Ravalomanana.
Veja reportagem sobre o aluguel no El País.

terça-feira, 17 de março de 2009

Mercado de arte empobrece depois da crise global

para a Folha de S. Paulo, 15.mar.09

Volume de vendas cai com saída de cena da classe média; no Brasil, efeito ainda não veio com força, mas há desaquecimento

Britânica Christie's vai fazer corte de 20% no número de funcionários; ações da americana Sotheby's caem 64% desde setembro

Passados nove meses de sua morte, o estilista francês Yves Saint Laurent causou frisson em Paris há três semanas. Sua coleção de arte privada, e de seu companheiro Pierre Bergé, foi leiloada por 373,5 milhões (foto acima).

O valor é recorde, mas o que mais estarreceu o setor, acostumado a cifras exorbitantes, é que a venda se deu no meio da turbulência econômica que varre o mundo. Apesar do resultado grandioso, as artes já amargam os efeitos da crise, com feiras enxutas e clientes ressabiados. No Brasil, a crise ainda não chegou com força, mas o mercado já se desacelerou. Na Bolsa de Arte do Rio, a captação de obras para a temporada de leilões, por enquanto, é 50% menor que em 2008.

O mercado de artes plásticas, assim como quase toda a economia, vivia tempo de vacas gordas até o estouro da crise. Poucos dias após a concordata do banco americano Lehman Brothers, há seis meses, um leilão com obras do britânico Damien Hirst (próxima foto) levantou US$ 107,8 milhões em Londres. Mas a bolha da arte contemporânea parece ter estourado. "Não se pode esperar que uma obra de um artista com menos de 50 anos valha mais que um Rafael", diz Pedro Corrêa do Lago, representante no Brasil da casa de leilão Sotheby's, referindo-se a um dos ícones da Renascença.

Apetite
A disparidade de preços mostra o quão aquecido andava o mercado de artes, sobretudo pelo apetite dos novos milionários russos e de colecionadores da Ásia. No Brasil, guardadas as devidas proporções, o mercado seguia igualmente bem. Ainda não se consegue ver com clareza os eventuais estragos da crise por aqui, já que as vendas tradicionalmente ganham força a partir de agora, com a temporada de leilões e a SP Arte, feira que acontece em maio.

Dadas as características do mercado brasileiro, muito pequeno e sem políticas públicas de aquisição, a alavancagem das galerias locais sempre foi muito limitada se comparada à das norte-americanas.

Segundo a marchand Márcia Fortes, da galeria Fortes Vilaça, a obra mais cara da última exposição da pintora carioca Beatriz Milhazes foi vendida por R$ 300 mil. Valor muito inferior ao US$ 1,05 milhão arrecadado com a venda de sua tela "O Mágico" (última foto), num leilão da Sotheby's em Nova York, no início do ano passado.

Os galeristas são unânimes em confirmar que o mercado anda "devagar", mas negam que estejam baixando preços. "Estamos é enxugando todo tipo de operação, em cerca de 30%", diz Fortes, que representa outros pop stars da arte brasileira, como Vik Muniz e Ernesto Neto.



Segundo outra marchand, Raquel Arnaud, dona da galeria que leva seu nome, "esta é uma fase de espera". "Os clientes estão mais cautelosos", conta.

Já o galerista Eduardo Leme, que é economista, acredita que parte da retração no mercado internacional de artes se dá porque repentinamente saiu de cena uma classe média que passou a consumir com a bonança dos últimos anos. "Mas isso não acontece no Brasil, porque esse perfil é insignificante aqui." Ele diz que não é só o preço ou a oportunidade do negócio que motiva a compra de uma obra: "Tem o fetiche da peça única e a vontade do colecionador, que vai continuar comprando, senão a peça mais cara, uma mais barata".

Transações milionárias
Por trabalhar com uma mercadoria muito subjetiva, o mercado de artes possui diversas nuances. Os especialistas dizem que a crise não deve impedir, por exemplo, transações milionárias de obras-primas consagradas, cujo preço não deve cair. Um trabalho da fase de vanguarda de Pablo Picasso, por exemplo, vai continuar caro e com mercado garantido, mas uma "obra média", uma gravura dos seus últimos anos, pode se tornar suscetível.

"Se Eduardo Constantini [colecionador argentino] quiser vender "O Abaporu", de Tarsila do Amaral, vai ter quem pague milhões aqui no Brasil", afirma Jonas Bergamin, presidente da Bolsa de Arte do Rio de Janeiro. O mesmo não acontece com obras menores e artistas menos consagrados, a julgar pela dificuldade de Bergamin em captar peças para a próxima temporada de leilões.

"A oferta para os leilões caiu 50%. É comum pensar que, numa crise, as pessoas vão vender. Podem até deixar de comprar, mas nunca vão vender", diz, considerando que as obras também são uma reserva de valor. Para Corrêa do Lago, da Sotheby's, há "uma correção de 10% a 30% no valor das peças médias". Ele confirma a dificuldade na captação de obras.

E o sucesso do leilão de Saint Laurent? "É que uma peça que pertenceu a ele ganha pedigree", responde Corrêa do Lago. Também havia muitas raridades entre as obras leiloadas, que não vão estar disponíveis tão cedo no mercado.

Preços
Christina Haegler, representante da Christie's, a casa responsável pelo leilão do estilista, também se diz surpresa: "Foi um alívio". Ela conta que o valor das obras tem caído nos pregões. "Na arte contemporânea, os preços caíram até 30%", diz, e também há dificuldade em encontrar peças para os leilões. A desaceleração do mercado de artes já fez com que a Christie's anunciasse que irá fazer "reduções significativas no quadro de funcionários" ao longo deste ano. Fala-se de um corte de até 20%.

O volume de vendas dos leilões antes e depois da crise (apesar da surpresa em Paris) mostra o desaquecimento. Em maio do ano passado, um leilão com produção do pós-Guerra, que incluía o expressionista abstrato Sam Francis, teve 95% dos lotes vendidos pela Christie's. Em novembro, num outro leilão, que incluía peças do também artista americano Jean-Michel Basquiat, 68% dos lotes foram arrematados.

As coisas também não vão bem para a rival Sotheby's. Desde o agravamento da crise, as ações da empresa americana negociadas em Wall Street se desvalorizaram em 64%.

segunda-feira, 9 de março de 2009

Sessentona, Barbie se muda para a China

Com a queda acentuada na demanda do consumidor nos EUA e na Europa, a Barbie fez as suas malas cor-de-rosa e se mudou para a China, segundo notícia da Bloomberg.


A Mattel Inc., a maior fabricante de brinquedos do mundo, ignorou Londres e Paris como o local da primeira loja dedicada ao seu brinquedo mais vendido, e escolheu um prédio de seis andares em Xangai. A loja foi inaugurada neste final de semana e oferece tudo, de roupas da designer de "Sex and the City", Patricia Field, a tratamentos de beleza, passando por coquetéis "Bitini".

A mudança acontece no ano em que Barbie completa 50 anos. A boneca já foi dona-de-casa, dondoca, profissional e tudo o que as mulheres foram ou almejaram ser nas últimas décadas. A foto, uma brincadeira, mostra como a Barbie realmente seria, se aparantasse a verdadeira idade (uns 68 anos, uma vez que a boneca já tinha uns dezoito anos quando nasceu... algo Macunaíma).

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

protesto de merda

Os produtores leiteiros da província argentina de Santafé fizeram, literalmente, um protesto de merda em frente a uma usina de laticínios local. Nos tambores, ao invés de leite, outro produto menos nobre das mimosas.

domingo, 18 de janeiro de 2009

Inspirador de Madoff, Charles Ponzi morreu pobre no Brasil há 60 anos

para a Folha de S. Paulo, 18.jan.09

No dia 18 de janeiro de 1949, o Hospital São Francisco, no centro do Rio de Janeiro, registrava a morte do italiano Charles Ponzi. Cego, vítima de um infarto, ele não tinha família no Brasil. Internado na ala dos indigentes, era o mesmo homem que, três décadas antes, tinha uma vida luxuosa e que quase comprou um banco nos Estados Unidos. Até sua rede de fraude, imortalizada como "Esquema Ponzi", cair por terra.

O homem que inspirou o investidor Bernard Madoff (acusado de fraudes de até US$ 50 bilhões) começou seu negócio na década de 1910, alguns anos depois de emigrar para os EUA.

Na ocasião, descobriu que os selos de retorno postal vendidos no país eram muito mais caros que os comprados na Europa. Passou, então, a comprar e a revender selos do correio internacional e conseguir lucros elevados. Para expandir seu negócio, passou a captar dinheiro com outros imigrantes em troca de alta rentabilidade. Até o negócio desmoronar, e Ponzi acabar parando no Brasil.

Quase um século depois, Madoff também prometia altos rendimentos aos seus investidores. Em vez dos selos de Ponzi, o ex-presidente da Nasdaq dizia aplicar em fundos igualmente fabulosos. Entre seus clientes, estavam, principalmente, membros e instituições da comunidade judaica, que, igualmente aos imigrantes italianos do início do século, confiaram o seu dinheiro a um dos membros de sua comunidade.

Assim como Madoff, Ponzi vivia uma vida de luxo em Boston, após enriquecer. Sua fama cresceu, ele contratou agentes e montou um pequeno império.

"Ele administrava milhões de dólares em investimentos, que só faziam crescer, com as pessoas hipotecando as próprias casas", diz o jornalista americano Mitchell Zuckoff, autor de "Ponzi's Scheme: True Story of a Financial Legend" ("Esquema Ponzi: A Verdadeira História de uma Lenda Financeira", em tradução livre). Cerca de 17 mil investidores deixaram seu dinheiro nas mãos de Ponzi.

A rentabilidade fenomenal começou a levantar suspeitas e o jornal "The Boston Post" passou a investigá-lo, descobrindo que, para sustentar o negócio, Ponzi teria de comercializar 160 milhões de selos de retorno postal. Mas apenas 27 mil selos circulavam no país.

A notícia fez uma multidão de investidores reclamar seu dinheiro, em 1920. Ponzi se fez de vítima, pagou a alguns e convenceu a maioria a manter as aplicações. Contratou até um relações-públicas, James McMasters, para gerir o escândalo. Conseguiu segurar a situação por mais alguns meses, até McMasters vender os detalhes da negociata ao jornal.

Ponzi acabou preso e, em 1934, foi deportado à Itália. Em 1941, desembarcou no Brasil, como funcionário da antiga companhia de aviação Ala Littoria. Por razões desconhecidas, deixou a empresa e passou a viver no subúrbio de Engenho Novo, na zona norte do Rio, de onde mantinha uma intensa e apaixonada correspondência com Rose, sua ex-mulher, que ficara nos EUA. Eles não tiveram filhos, eram divorciados.

"A impressão que tenho de suas cartas é que ele estava feliz no Brasil, mas queria voltar para Rose e para os Estados Unidos, não para a Itália", afirma Zuckoff. "Ele tentou a sorte com alguns negócios. Numa carta, ele pergunta a Rose qual tipo de batom ela usava. Ele queria vender batons no Brasil. Ele estava sempre tentando fazer dinheiro de alguma forma.

"Nos últimos anos, doente e cego, Ponzi nem conseguia escrever. "As cartas eram escritas por um vizinho" chamado Antonio, segundo Zuckoff. Foi ele quem avisou Rose da morte de Ponzi, aos 66 anos, num dia quente de verão de 1949.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Madoff: roubou até a irmã

Sondra Wiener, 74, irmã de Bernard Madoff, é outra ví­tima das fraudes de US$ 50 bilhões arquitetadas pe­lo ex-presidente da Nas­daq. Sondra tenta despe­radamente vender uma casa com piscina e três quartos que possui na Fló­rida (pede US$ 950 mil), após "perder mi­lhões" em investimentos administrados pelo ir­mão mais novo.

Sondra teria, no entanto, recebido um dos pacotes com jóias e relógios valiosos (um deles Cartier, outro Tiffany, cravejado de diamantes) despachados por Madoff pelo correio, na semana passada. O investidor está em prisão domiciliar no seu luxuoso apartamento de US$ 7 milhões, no Upper East Side, em Manhattan, sem os relógios, mas com um rastreador eletrônico em forma de bracelete.

O investidor é acusado por fraudes que podem chegar a US$ 50 bilhões, por meio de um rede de corrupção conhecida como esquema Ponzi. Entre as vítimas estão bancos europeus e in­vestidores particulares co­mo o cineasta espanhol Pedro Almodóvar. O golpe atingiu em cheio instituições e membros da comunidade judaica, que confiaram a Madoff (também judeu) seu rico dinheirinho...

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

indústria pornô pede ajuda nos EUA

"As pessoas podem viver sem carro, mas não sem sexo", diz o comunicado que empresários da indústria pornô de Los Angeles publicaram esta semana. Depois de verem cair em 22% a venda de DVDs eróticos, os empresários resolveram agir. Liderados pelo lendário Larry Flint, dono da revista Hustler, e por Joe Francis, criador da série Girls Gone Wild, a indústria pornô faz lobby no Congresso americano por uma ajuda de US$ 5 bilhões ao setor.

Larry Flint e suas "sobrinhas"

"As pessoas estão muito deprimidas para se manter sexualmente ativas", justifica o comunicado, que argumenta que a crise financeira e, mais especificamente, a crise na indústria pornô , "é algo muito negativo para a saúde do país". "As pessoas estão deprimidas e o Congresso deveria rejuvenescer o apetite sexual", conclui o documento.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

crise faz bilionário alemão se matar

Às 18h30 da noite de segunda-feira, funcionários da estrada de ferro que corta o vilarejo de Blaubeuren, na região de Baden-Württemberg, no sul da Alemanha, encontraram um corpo estendido nos trilhos. O suicida, Adolf Merckle, 74, era o quinto homem mais rico da Alemanha e o dono da 94ª maior fortuna do mundo, segundo a revista Forbes. Isso até chegar a crise e Merckle perder € 1 bilhão na especulação de ações da Volkswagen e arruinar as finanças de suas empresas.

Merckle era rico desde o berço. Advogado, nunca exerceu a profissão. Entre suas paixões estava o esqui e o mercado financeiro. Gostava de investir. Mas, no último outubro, foi vítima de sua própria especulação, surpreendido com a brusca desvalorização das ações da Volkswagen. Segundo a imprensa alemã, Merckle perdeu cerca de € 1 bilhão em investimentos com ações da montadora.

O baque foi sentido também nas suas empresas, prejudicando a saúde financeira da HeidelbergCement, a quarta maior produtora de cimento na Alemanha. Merckle se viu na iminência de vender sua parte na empresa, bem como na farmacêutica Ratiopharm, também fundada por sua família. Ele era ainda proprietário da Phoenix Pharmahandel e da montadora de máquinas Kässbohrer. O conglomerado familiar fatura anualmente € 30 bilhões e emprega 100 mil pessoas, mas se especula que as dívidas seriam de € 16 bilhões.

"A situação desperadora das suas companhias, causada pela crise financeira, as incertezas das últimas semanas e sua impotência para agir quebraram o apaixonado empreender e tiraram a sua vida", disse a família, num comunicado.

Merckle não é a primeira vítima fatal da crise financeira. Há poucos dias, o francês Thierry de la Villehuchet se esfaqueou no seu escritório em Nova York, depois de receber um calote de US$ 1,4 bilhão do investidor fraudulento Bernard Madoff. As mortes lembram os lendários suicídios cometidos no lastro do Crash de 1929, quando vários investidores teriam se atirado pelas janelas de edifícios de Nova York e de Londres.

Casado e pai de quatro filhos, Merckle deixou uma carta, pedindo desculpas pelo suicídio. Advogado de formação, luterano, considerado discreto e um investidor prudente, o empresário viu sua tragédia financeira circular pela imprensa alemã. Merckle poderia ser um dos destinatários do pacote de socorro ao empresariado, do governo regional de Baden-Württemberg. Dias atrás, a manchete do jornal local "Suedkurier" referia-se a Merckle como "o bilionário de bolsos vazios".

Na segunda-feira, ao meio dia, o dono da fortuna de US$ 9,2 bilhões, saiu de casa. Preferiu não voltar.

domingo, 4 de janeiro de 2009

Japão multicultural?

Abrir-se ao mundo parece ser, mais uma vez, a salvação da lavoura japonesa. É o que pensa um grupo de políticos do Partido Democrático Liberal (conservador), o mesmo do premiê Taro Aso. À revelia da opinião da maioria de seus partidários, eles promovem o esboço de uma ampla política de imigração, que pretende atrair trabalhadores dos países asiáticos vizinhos (ainda ressabiados com os arroubos imperialistas do Japão no passado próximo). Depois do baby boom do pós-guerra, que ajudou a alçar o Japão ao grupo das mais desenvolvidas economias do mundo, a população envelheceu: logo, o país perdeu vigor e ganhou altas faturas previdenciárias.

Embora o tema seja espinhoso (que o diga a Europa), foram os imigrantes que fizeram bombar a economia britânica e espanhola nos anos 90. No Japão, além dos problemas demográficos, assusta a desaceleração da economia, reflexo da atual crise. Só em novembro a produção industrial retraiu 8,1%, ante outubro.

A reportagem é da revista The Economist, que diz ter o Japão um dos menores contingentes de imigrantes entre os países desenvolvidos. Diz também que por lá, estrangeiro e deliquente costumam ser sinônimos para o japonês médio. O texto cita os dekasseguis brasileiros e fala da dificuldade de adaptação numa cultura extremamente fechada.

Vale lembrar que o país só arrancou econômica e políticamente no fim do século 19 (na Era Meiji) quando rompeu o isolamento em que se encontrava há seculos. O Japão chegou então a figurar entre os protagonistas do imperialismo no início do século 20 e (após a derrota na 2. Guerra) tornou-se um grande exportador de tecnologia e cultura (mangás, moda, design...).

Agora, além de fazer negócios com o mundo, os japoneses terão pela frente o desafio de conviver com a gente do mundo... Multiculturalismo? No, it´s the economy, stupid!

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Björk cria fundo para ajudar Islândia

A cantora Björk está procurando investidores para o fundo Ardur Capital, criado por ela a fim de irrigar a economia da agora pobre Islândia. A ilhota no Atlântico norte, cujo IDH é o mais alto do mundo, está prestes a submergir - além do perigo trazido pelo aquecimento global, a Islândia viu sua economia derreter com a crise global.

Veja: Quase "falida", Islândia é o espelho da crise

O país se aproveitou da bolha ilusória da economia, que estourou em setembro. A dívida dos bancos do país é 9 vezes maior que o PIB islândes. A crise provocou uma situação surreal na ilha, cujo primeiro-ministro chegou a declarar, em rede nacional, que a Islândia estaria à beira da falência. Até empréstimo do FMI o país nórdico recebeu depois de entrar numa fria... gelada até para os padrões islandeses.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Madonna escapou da crise por pouco, afirma produtor

para a Folha de S. Paulo, 21.dez.08

Responsável pela turnê "Sticky & Sweet", que rendeu US$ 280 mi, diz que a venda antecipada de ingressos evitou impactos da turbulência

Cantora também movimenta economia das cidades onde faz shows; em SP, prefeitura calcula que 39 mil turistas deixarão R$ 23,4 milhões

Não à toa ela é a "material girl". Mais do que a adrenalina dos fãs, Madonna movimenta milhões de dólares, na economia de onde passa e na própria conta bancária. Cantora mais bem paga de 2007, segundo a revista "Forbes", a rainha do pop pode ser considerada um fenômeno de fazer dinheiro. A turnê "Sticky & Sweet", que acaba hoje em São Paulo, deve render US$ 280 milhões à sua produtora, a Live Nation.

Segundo o produtor da turnê, Arthur Fogel, "até agora, não há crise para Madonna". Por pouco. "É que quase todos os ingressos foram vendidos antes de a crise começar", afirma, em entrevista à Folha."Eu não posso dizer que houve qualquer impacto, mas no futuro teremos de ser mais cuidadosos [na venda de ingressos]", disse Fogel, que produz as turnês de Madonna desde 2001. Ele admite um "ambiente econômico muito ruim", acha que "a crise vai afetar" os negócios da música, mas aposta que "grandes artistas não devem sofrer grande impacto".

Fogel foi um dos principais responsáveis, no ano passado, pela assinatura do contrato de dez anos de Madonna com a Live Nation, que rendeu US$ 120 milhões à cantora. Nada mal para quem diz ter chegado em Nova York com US$ 35 no bolso, em 1976. Três décadas depois, a Live Nation espera faturar US$ 1 bilhão com o contrato de Madonna.

A turnê, que vendeu 2,3 milhões de ingressos nos 58 shows (28 deles com lotação completa) em 17 países, deve render US$ 280 milhões. "É um bom começo", diz Fogel. Em 2006, a temporada de "Confessions on a Dance Floor" rendeu US$ 195 milhões. Na turnê de 2004, foram US$ 125 milhões e, na de 2001, US$ 75 milhões.

"Ela é um bom negócio. Neste ponto da sua carreira está melhor do que nunca", diz o produtor sobre a cantora, que mostra jovialidade aos 50 anos. Mas ele toma para si parte do sucesso: "Há um bom planejamento. Optamos por tocar em estádios maiores e para mais gente", conta. "Também incluímos cidades onde ela nunca tinha se apresentado ou não toca há muito tempo." Caso do Brasil, onde ela não cantava havia 15 anos: os três shows iniciais viraram cinco.

Fogel não revela muitos números, mas admite que a venda de CDs, a mina de ouro dos artistas no passado, já não é "tão relevante" no faturamento. "Hoje as turnês e o merchandising são a parte mais importante da receita de Madonna", diz. No ano passado, ela lançou uma linha de roupas na cadeia sueca H&M. Faturou US$ 15 milhões já na primeira semana.

Segundo Fogel, "Madonna é a responsável pela maior parte da receita da Live Nation". A cantora recebeu US$ 25 milhões em ações da companhia na ocasião do contrato. Além das turnês e do merchandising, a produtora administra os direitos autorais e as gravações de Madonna. A Live Nation também trabalha com artistas como Elton John e a banda de rock Mettalica. Apesar do otimismo de Fogel, as ações da companhia, negociadas na Bolsa de Nova York, acumulam perdas de 70% em 2008.

Extra-oficialmente, estima-se que a fortuna de Madonna supere US$ 1 bilhão. Mas não é só a cantora quem fatura com suas turnês. A Prefeitura de São Paulo calcula que os 39 mil turistas que vieram assistir aos shows deixarão R$ 23,4 milhões na cidade. No Rio, a ocupação hoteleira da zona sul foi de 83% no período dos shows, acima da média de 64%.

Tudo para assistir à turnê de divulgação de "Hard Candy" ("Doce Forte", duro, em português) -o álbum é dos mais vendidos em 2008, adoçando ainda mais as cifras de Madonna.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

no século 17, tulipas deixaram Amsterdã à beira da bancarrota

para a Folha de S. Paulo, 21.set.08

Um arranjo de tulipas custa hoje cerca de R$ 30. Mas, na Holanda do século 17, para comprar um só bulbo da flor, era necessário dispor de 24 toneladas de trigo. A conta é assustadora, assim como foi a quebradeira que se seguiu à primeira crise especulativa de que se tem notícia. Quase 400 anos depois, Wall Street vê algumas de suas instituições ruírem. Os tempos e as crises são outras, mas o "espírito animal" que faz as cotações alcançarem preços irreais continua o mesmo.

"Espírito animal" foi o termo usado pelo economista inglês John Keynes (1883-1946) para explicar a euforia que move os investidores em busca do lucro fácil proporcionado pelo mercado financeiro. Assim foi na crise de 1929 e assim foi na rica Amsterdã dos anos 1600. A exótica tulipa, vinda do Oriente, virou mania entre os holandeses, que passaram a colecionar e logo a disputar os bulbos.

Tamanha valorização fez os produtores (e logo os intermediários) fecharem contratos futuros informalmente, os chamados "windhandel" (negócio de vento). A cada ano, o preço da tulipa se inflacionava e alcançava valores exorbitantes.

"Uma isca dourada fisgou tentadoramente um a um. Todos correram para os mercados de tulipas, como abelhas num pote de mel", descreveu Charles Mackay, num relato do século 19 que celebrizou a tulipamania, como ficou conhecida.

O que foi inicialmente uma vaidade dos ricos holandeses se tornou um negócio milionário. Mackay conta que um marinheiro bêbado passou seis meses na prisão depois de comer um dos valiosos bulbos, pensando se tratar de uma cebola.

Em 1637, a bolha estourou. "Foi um efeito manada", explica o professor Renato Colistete, da FEA-USP. "Os negociantes começaram a vender os contratos e o mercado fictício desapareceu." Assim como evaporaram as propriedades e tudo o que os holandeses empenharam na tulipamania. O relato de Mackay é controverso e muito do que conta pode ser lenda, ou seja, tão real quanto o valor de muitos títulos negociados Bolsas afora. Mas a história ilustra bem a crise que chacoalha Wall Street, tragando instituições de peso como o banco Lehman Brothers e virando a ideologia do livre mercado pelo avesso.

Assim como o governo americano já torrou US$ 1 trilhão para aliviar a crise (e deve gastar em breve outros bilhões), o governo holandês teve de intervir. Os contratos podres eram comprados por 10% de seu valor. Para Colistete, a atual intervenção "é surpreendente". Muito diferente de 1929, quando o governo Herbert Hoover assistiu de braços cruzados à erosão do sistema financeiro. Dinheiro público seria usado só depois, para pagar as frentes de trabalho num país em que 25% da população ficou desempregada.

Um dos efeitos da tulipamania foi a sofisticação do sistema financeiro e a criação de mecanismos como o mercado de opções. Colistete acredita que a atual crise também trará mudanças: "Haverá uma pressão por mais transparência", diz, já que houve uma oferta exacerbada de crédito ao setor imobiliário e os riscos não foram perceptíveis no início.

Sobre a crise atual, o professor não se arrisca, mas parece crer no presidente do Federal Reserve: "Ele está usando o conhecimento acumulado pelos estudos", brinca Colistete. Enquanto acadêmico, Ben Bernanke foi um especialista em Grande Depressão.

o anti-prefeito

"Eu dedico esta vitória ao Serra", foi assim, com os olhos azuis arregalados, sorriso no rosto, que Gilberto Kassab agradeceu pela vitória à prefeitura de São Paulo. O prefeito é bem-agradecido. Tem de ser. Serra foi seu grande fiador. Sem o governador de SP, Kassab continuaria sendo só mais um deputado baixo-clero do PFL (DEM) paulista, ex-secretário de Pitta e representante de um eleitorado meio... antigo. Virou prefeito, por acidente de percurso. Ele era o marionete mais conveniente para Serra. Mas o destino existe para Kassab, nem que seja pela metade. Ele é agora o nosso prefeito, quer dizer...o anti-prefeito.

Sejemos sinceros: quem administra a prefeitura de SP é o secretário das Subprefeituras, Andrea Mattarazzo. Graças ao bom Deus e à maquiavelia de Serra! Imaginem uma cidade governada pelo Kassab mais "primitivo", o Kassab que enxotou chamando de vagabundo um manifestante, o Kassab herdeiro do Maluf way of government? Ele pode ter se redimido e se tornado um neo-tucano travestido de demo. Mesmo assim, Serra preferiu deixar o governo da cidade nas mãos de Andrea.

Filho da fina flor da elite paulista (primo do ex, Suplicy, de Marta), Andrea seria algo como o primeiro-ministro de São Paulo, elegante, quase um personagem romano saído de um filme de Fellini. É a sombra do anti-prefeito.

Com cenário armado para 2010, cabe a Serra agora lidar com os detalhes para dar o cheque-mate. A arquitetura política conservadora está pronta. Mas se quiser ser chegar ao Palácio do Planalto, em 2010, Serra terá de mostrar muita malemolência, descer do salto alto e comer buchada, feito FHC em 1994. Se mantiver sua arrogância típica, vai quebrar a cara. Algo ao estilo Cristina Kirchner. Serra terá de mudar seu estilo negociador (deplorável, na recente "guerra civil" entre as polícias de SP e na ocupação da reitoria da USP, ano passado). Como se comportaria um "presidente Serra" ao negociar a atual crise dos brasiguaios no Paraguai, que deve ser o calcanhar-de-Aquiles da política externa nos próximos anos?

Serra provou que consegue eleger um anti-prefeito em SP. Mas na presidência... bem... na presidência não há espaço para anti-heróis.
 
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