terça-feira, 6 de janeiro de 2009

crise faz bilionário alemão se matar

Às 18h30 da noite de segunda-feira, funcionários da estrada de ferro que corta o vilarejo de Blaubeuren, na região de Baden-Württemberg, no sul da Alemanha, encontraram um corpo estendido nos trilhos. O suicida, Adolf Merckle, 74, era o quinto homem mais rico da Alemanha e o dono da 94ª maior fortuna do mundo, segundo a revista Forbes. Isso até chegar a crise e Merckle perder € 1 bilhão na especulação de ações da Volkswagen e arruinar as finanças de suas empresas.

Merckle era rico desde o berço. Advogado, nunca exerceu a profissão. Entre suas paixões estava o esqui e o mercado financeiro. Gostava de investir. Mas, no último outubro, foi vítima de sua própria especulação, surpreendido com a brusca desvalorização das ações da Volkswagen. Segundo a imprensa alemã, Merckle perdeu cerca de € 1 bilhão em investimentos com ações da montadora.

O baque foi sentido também nas suas empresas, prejudicando a saúde financeira da HeidelbergCement, a quarta maior produtora de cimento na Alemanha. Merckle se viu na iminência de vender sua parte na empresa, bem como na farmacêutica Ratiopharm, também fundada por sua família. Ele era ainda proprietário da Phoenix Pharmahandel e da montadora de máquinas Kässbohrer. O conglomerado familiar fatura anualmente € 30 bilhões e emprega 100 mil pessoas, mas se especula que as dívidas seriam de € 16 bilhões.

"A situação desperadora das suas companhias, causada pela crise financeira, as incertezas das últimas semanas e sua impotência para agir quebraram o apaixonado empreender e tiraram a sua vida", disse a família, num comunicado.

Merckle não é a primeira vítima fatal da crise financeira. Há poucos dias, o francês Thierry de la Villehuchet se esfaqueou no seu escritório em Nova York, depois de receber um calote de US$ 1,4 bilhão do investidor fraudulento Bernard Madoff. As mortes lembram os lendários suicídios cometidos no lastro do Crash de 1929, quando vários investidores teriam se atirado pelas janelas de edifícios de Nova York e de Londres.

Casado e pai de quatro filhos, Merckle deixou uma carta, pedindo desculpas pelo suicídio. Advogado de formação, luterano, considerado discreto e um investidor prudente, o empresário viu sua tragédia financeira circular pela imprensa alemã. Merckle poderia ser um dos destinatários do pacote de socorro ao empresariado, do governo regional de Baden-Württemberg. Dias atrás, a manchete do jornal local "Suedkurier" referia-se a Merckle como "o bilionário de bolsos vazios".

Na segunda-feira, ao meio dia, o dono da fortuna de US$ 9,2 bilhões, saiu de casa. Preferiu não voltar.

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